sexta-feira, 2 de novembro de 2012

5 Mitos Sobre o Padrão Ouro

Mito Nº1: Não Existe Ouro Suficiente

 Eu acho espantoso que os economistas possam fazer afirmações como esta, porque é um princípio elementar de economia que se alguém aumentar o preço de uma mercadoria (commodity), existirá sempre quantidade suficiente dessa mercadoria (commodity). O que nós vimos na subida do preço do ouro é na realidade o preço crescente do ouro para reflectir a depreciação do dólar que ocorreu e que continua a ocorrer.
Posto de maneira simples, existirá sempre ouro suficiente desde que ninguém interfira com o mecanismo de livre mercado.
A 700 dólares por onça, o governo dos Estados Unidos tem reservas de ouro suficientes para cobrir o valor de todas as notas da reserva federal (o Fed) em circulação. Se nós fossemos estabelecer um padrão ouro através do procedimento que eu descrevi na minha proposta legislativa HR 7874, o mundo seria completamente informado da quantidade de ouro em posse do governo dos Estados Unidos e o preço do ouro poderia se ajustar adequadamente, de modo a que quando a redenção das nossas notas da reserva federal (o Fed) se iniciasse, o preço seria o preço de equilíbrio de mercado. Simplesmente, a afirmação de que não existe ouro suficiente é falsa. É uma tática para assustar usada pelos opositores do padrão ouro.

Mito Nº2: Um Padrão Ouro Permitira à Rússia e à África do Sul Manterem os Estados Unidos Reféns

 O segundo mito que deve ser questionado é de que a União Soviética e a África do Sul manteriam os Estados Unidos reféns se a América estabelecesse o padrão ouro. É verdade que a União Soviética e a África do Sul, porque possuem vastos depósitos de ouro, têm obtido bons rendimentos na última década. E no entanto, nós não estamos hoje em nenhum tipo de padrão ouro. São as políticas inflacionárias atuais dos governos mundiais que têm ajudado a criar estes rendimentos. Em vez de dar rendimentos para a União Soviética ou para a África do Sul, nós deveríamos instituir o padrão ouro.

A estabilização do nosso sistema monetário – e provavelmente do sistema monetário mundial, se o mundo nos seguisse – retiraria qualquer prémio especulativo que a União Soviética e a África do Sul recebem presentemente. Nós observaríamos uma estabilização mundial do preço do ouro e o fim da inflação por todo o mundo. Nessas condições, tanto a União Soviética como a África do Sul não estariam mais numa posição de receber rendimentos excessivos.

Durante os primeiros meses deste ano, a União Soviética tem privado o mercado de ouro internacional de parte do seu ouro. Rumores recentes afirmam que eles venderam centenas de toneladas à Arábia Saudita com um prémio sobre o preço de mercado. Independentemente  deste rumor ser verdade ou não, é fácil de constatar os problemas inflacionários  que nos afligem a nós e ao resto do mundo criam as condições para a Rússia e a África do Sul obterem vastos benefícios econômicos. A inflação atual provoca medo e pânico entre a população mundial.

Se nós instituíssemos um sistema monetário sólido (sound money) – com moeda padrão 100 por cento ouro – o medo e o pânico seriam eliminados. Não haveria nenhum prêmio a ser obtido pela União Soviética e pela África do Sul, e eles não receberiam nenhuma fortuna exagerada pela venda das suas barras e das suas moedas. Nem tão pouco a Rússia ou a África do Sul poderiam manter os Estados Unidos reféns.

As reservas de ouro dos Estados Unidos são imensas, mas independentemente do seu tamanho, é extremamente difícil compreender como é que a Rússia e a África do Sul, quer restringindo a produção ou através do dumping de ouro, poderiam afetar seriamente os Estados Unidos. Quando nós atingirmos completamente o padrão ouro e a nossa unidade contabilística for um peso em ouro, como eu indiquei na minha proposta legislativa HR 7874, toda a produção mundial de ouro durante um ano não influenciaria significativamente o valor desse peso em ouro.

 Mito Nº3: O Ouro Provoca Depressões

 O terceiro mito é que “um regresso ao padrão ouro provocaria uma depressão”. Ora bem, esta afirmação é uma meia-verdade, porque se nós instituirmos impropriamente o padrão ouro, então de fato poderíamos ter uma depressão. Depois da primeira guerra mundial, o governo da Grã-Bretanha regressou ao padrão ouro mas de forma deflacionária. A Grã-Bretanha restabeleceu a ligação que existia entre a libra e o ouro, anterior à primeira guerra mundial, sem considerar o aumento na quantidade de libras que ocorreu durante a guerra num período em que a Grã-Bretanha estava fora do padrão ouro.
O resultado foi uma pequena depressão, porque os especialistas políticos ignoraram completamente os estragos que tinham sido provocados pelas suas políticas durante a guerra.
Se nós instituíssemos um padrão ouro, nós poderíamos perseguir um curso que não resultaria em deflação e não provocaria uma depressão. Nós poderíamos redimir ao preço de mercado durante o período de um ano, as notas que nós imprimimos e depois cessar a redenção, permitindo que as moedas de ouro que fossem postas em circulação funcionassem como o nosso dinheiro.

Se não nos comprometermos com estas coisas todas, mesmo o estabelecimento de um padrão 100 por cento ouro não conseguiria travar a nossa descida para o caos econômico. Nós temos que reduzir o governo federal para o seu tamanho constitucional, e um padrão ouro total é parte desse processo. A constituição proíbe explicitamente qualquer governo estatal, e implicitamente o governo federal, de definir o ouro ou a prata como moeda corrente (legal tender) no pagamento de dívida.

 Mito Nº 4: O Ouro Provoca Inflação

 O quarto mito sobre o padrão ouro, é que “ele provoca inflação”. Opositores do padrão ouro referem que a quantidade de ouro aumenta anualmente cerca de dois a três por cento, e como tal, um aumento da quantidade resultaria em inflação em qualquer país que adote o padrão ouro.
Eu não quero questionar a afirmação de que a quantidade de ouro mundial aumenta dois a três por cento por ano. Por uma questão de argumentação, eu aceito este fato como verdadeiro. O resultado deste aumento seria que os preços poderiam estabilizar ou descer.
É útil neste aspecto analisar o comportamento dos preços durante a nossa história. Durante a maior parte do século XIX nós tivemos um padrão ouro imperfeito. Nos 67 anos anteriores à criação da reserva federal (o Fed) em 1913, o índice de preços no consumidor (CPI) aumentou 10 por cento, e nos 67 anos posteriores a 1913, o índice de preços no consumidor aumentou 625 por cento. O aumento acelerou desde 1971 quando o presidente Nixon cortou a última ligação ao ouro fechando a janela de ouro (gold window).

Em 1833 o índice de preços de venda de mercadorias (commodities) nos Estados Unidos era de 75,3. Em 1933, imediatamente antes do abandono do padrão ouro, o índice de preços de venda de mercadorias era de 76,2: um aumento de 0,9 por cento em cem anos. Hoje (1981), o índice é de 612,3. Durante cem anos do padrão ouro, os preços de venda aumentaram 0,9 por cento. Nos últimos 45 anos de moeda-papel, eles aumentaram 536%.
O índice de preços de venda de mercadorias realça a estabilidade destes preços durante todo o século XIX. A estabilidade foi quebrada primeiro durante a guerra civil – o período das notas de dólar – depois na primeira guerra mundial, e mais uma vez na segunda guerra mundial, e com a inflação que persistiu desde a dessa guerra.
Em vez de causar inflação, o padrão ouro historicamente tem sido um bastão contra a inflação. É o dinheiro manipulado politicamente tal como existe desde 1934 que provoca a inflação.

As pessoas hoje habituaram-se a que os preços subam continuamente e nós observamos o início de uma psicologia de hiperinflação a estabelecer-se. Se nós quisermos evitar as consequências horríveis de tal psicologia, nós temos que tomar medidas drásticas e oferecer ao nosso país um sistema historicamente comprovado, um padrão de moeda ouro completo.

Mito Nº 5: O Ouro Seria Especulativo


O último mito sobre o padrão de moeda ouro que eu gostava de endereçar é a noção de que tal padrão seria sujeito a influências especulativas indesejáveis.
Esta afirmação foi feita recentemente numa carta enviada pela reserva federal (o Fed) ao presidente da do comitê bancário do senado William Proxmire. A carta argumentava que, uma vez que o ouro é uma mercadoria (commodity) usada em joalharia e na indústria, é sujeito a influências especulativas indesejáveis no estabelecimento de um sistema monetário estável.
Eu acho este argumento espantoso, porque é precisamente por ser uma mercadoria (commodity) que não está sujeita à manipulação burocrática de Washington ou Londres, que a tora desejável. Se alguém quiser falar de influências especulativas indesejáveis, só é preciso olhar para a especulação que ocorre diariamente em relação ao dólar.

Um padrão ouro eliminaria toda a especulação relativa a motivações políticas das autoridades monetárias na governação da massa monetária. A grande virtude do padrão ouro é que remove os poderes discricionários de qualquer agência sobre a massa monetária, acabando assim com a maior fonte fértil de especulação. Um padrão ouro coloca o poder do sistema monetário nas mãos das pessoas e retira-o dos políticos e banqueiros, removendo assim um meio potencial para o estabelecimento de uma tirania.
O ouro não pode ser produzido de forma tão barata como as notas da reserva federal podem ser impressas. Nem a sua quantidade pode ser manipulada numa base diária. Existe uma grande dispersão de poder num sistema de padrão ouro. Esta é a força do sistema, porque permite que as pessoas verifiquem qualquer excesso monetário dos seus governantes, e não permite que os governantes explorem as pessoas através da desvalorização da moeda.

A carta da reserva federal enviada a William Proxmire terminava com um apelo a mais fé no sistema e nas suas boas intenções. Durante mais de 60 anos, os cidadãos americanos tem exercido essa fé e eles têm sofrido a maior depressão e a maior inflação da sua história. Deixemos de ouvir sobre fé nos homens, mas restrinjamos os governos com as correntes de um sistema monetário honesto – o padrão ouro completo.
No Coinage Act de 1792, os fundadores (Founders) estabeleceram a pena de morte para qualquer funcionário governamental que desvalorizasse a moeda. Dá que pensar se essa pena fosse aplicada hoje, quantos membros do Federal Open Market Committee (FOMC) sobreviveriam um mês.

Ouro: O Padrão de Medida


No seu texto “Tratado Sobre a Reforma Monetária” publicado em 1923, o pai da idade da inflação, John Maynard Keynes, escreveu: “O capitalismo individualista de hoje… presume um padrão de medida de valor estável. Ele não pode ser eficiente – talvez não possa existir – sem um.”
O Sr. Keynes estava correto. Sem um padrão de medida de valor, tal como uma moeda baseada no padrão ouro, o capitalismo e a liberdade não conseguem sobreviver. Se não formos vigilantes, nós vamos evoluir para uma espécie de fascismo que resultou da grande inflação Alemã a seguir à primeira guerra mundial.
A escolha que temos que fazer é simples: deveremos ter uma moeda baseada no padrão ouro e liberdade política ou devemos ter moeda-papel e tirania política?